“Eu não consigo lembrar de um momento em que eu não queria fazer filmes ou que eu pensasse em filmes que eu não gostaria de fazer, mas eu consigo pensar em momentos em que eu achei que isso nunca fosse acontecer.” João Pedro Faro em Entrevista exclusiva para a Revista Vertovina.
Por Matheus Fortunato e Teodoro Pimenta
No dia 31 de janeiro, entrevistamos João Pedro Faro e Miguel Clark. Os dois fazem parte da produtora MangBangVideo, e o tópico central da entrevista girou em torno dos últimos dois longas-metragens da produtora, sendo estes Sombra (2021) e Extremo Ocidente (2022). Sombra é um filme dirigido por João Pedro Faro e protagonizado por Miguel Clark e Daniel Brito que conta a história de dois amigos e fãs de heavy metal que saem às ruas do Rio de Janeiro em uma jornada de descobrimento e alienação. Extremo Ocidente conta com a mesma equipe de Sombra (João Pedro Faro na direção e Miguel Clark atuando). Neste longa de guerra, a ambientação é uma cidade apocalíptica e vazia, onde um soldado solitário aguarda seu destino inevitável.
Matheus Fortunato: Desde quando você faz filmes e o que fez você começar?
João Pedro Faro: Eu sempre tive o desejo de fazer cinema, não sei se profissionalmente, mas sempre tive o desejo de produzir cinema e estar envolto de produzir cinema. Em 2018 eu passei a publicar o que eu vinha trabalhando na internet e comecei a sentir que poderia fazer filmes sozinho e conseguir manter uma produção de trabalhos de arquivo ou coisas menores que giravam em torno de uma produção individual. Eu tinha muita vontade de fazer um longa-metragem, eu tinha várias ideias do que poderia ser um primeiro longa-metragem e de como eu poderia conseguir produzir alguma coisa maior e mais complexa, através de recursos mínimos e sem gastar nenhum dinheiro e essas aproximações foram levadas ao Sombra (2021). Essa produção da MangBang que a gente vai manter agora, essa equipe composta por mim (João Pedro Faro), Miguel Clark, Daniel Brito e Bruno Lisboa, foi a partir dessa aproximação que foi possível a concepção do Sombra. Em que eu queria tentar fazer um filme que envolvesse uma produção, um diário de filmagem, performances, enquadramentos. Reunindo ideias antigas, possibilidades e interesses pontuais e com isso surgiu a necessidade e a possibilidade de produzir o nosso primeiro longa. A ideia do Sombra era antiga, eu já tinha ela há um tempo, mas ela foi tomando faces diferentes no decorrer dos anos, eu sempre estou com muitos desejos de filmes na cabeça e com vontade de filmar coisas específicas, conceber projetos de cinema, de filmes e agora conseguimos encontrar um grupo de pessoas que estavam com uma sensação similar e próximas o suficiente para fazer com que aquilo acontecesse. Eu não consigo lembrar de um momento em que eu não queria fazer filmes ou que eu pelo menos não pensava em filmes que eu não gostaria de fazer, mas eu consigo pensar em momentos em que eu achei que isso nunca fosse acontecer. É muito bom poder retomar essa possibilidade e poder manter essa projeção de trabalho através dessas pessoas que a gente conseguiu reunir e entre outras possibilidades futuras.
Matheus Fortunato: Durante essa intenção e esse desejo de fazer filmes, foi muito difícil realizar essa produção até cruzar esse caminho em direção ao seu primeiro longa-metragem?
João Pedro Faro: O Sombra (2021) foi um filme gravado em um dia só e foi pensado para ser gravado em um dia só e tendo apenas o Miguel e o Daniel. Foi algo muito bom, foi tudo muito bem direto e objetivo, não acho que a gente encontrou dificuldade, justamente porque eu acho que o cinema que me interessa, ele parte justamente das limitações e são elas que me impulsionam para fazer as coisas. No caso do Sombra onde diversas limitações se apresentaram, a partir do momento em que as coisas estavam limitadas a um determinado ponto, foi a partir daí que tudo aconteceu, praticamente sem rodeios e sem demoras. A gente foi se fechando e pensando as coisas e delimitando nossos interesses e o que a gente ia gravar em cada momento, em cada plano e como iam se dar as performances do Miguel e do Daniel, que eram pessoas que nunca tinham estado na frente de uma câmera e nunca tinham feito nada de atuação. Pelo menos pra mim, não foi uma questão de dificuldade, foi mais uma questão de encontrar as limitações certas para fazer com o que o filme acontecesse, eu acho que qualquer filme é assim, mas no caso do Sombra, como é realmente uma coisa rodeada por limitações e é um filme construído por elas. No sentido que elas estão muito expostas durante a projeção do filme, o processo dele e as limitações dele estão ali bem claras e bem transparentes e isso faz parte da ficção que a gente tentou criar e do filme que a gente fez.
Miguel Clark: O João que chamou a gente pra fazer o filme, eu nunca tinha atuado, nem feito uma coisa com essa aproximação minimamente profissional, e o Daniel também não. Foi uma situação onde ele utilizou muito das limitações e da nossa própria personalidade para filmar, tanto é que a gente tava se conhecendo naquele momento e existia todo aquele nervosismo e foi algo tudo meio pensado previamente para fazer essa relação de amizade funcionar como uma ferramenta para o Sombra. Em Extremo Ocidente (2022), como é um filme mais imerso na ficção, é um filme em que essa aproximação profissional já existe e está mais presente. Há um foco maior na performance, ou seja a gente já atua, a gente também atuava no Sombra, mas era algo mais natural que invocava mais a nossa personalidade e aqui em Extremo Ocidente a gente teve essa experiência de transformar em alguma coisa especificamente performática. Ou seja, nossa personalidade estava menos inserida aqui do que no Sombra, a maior característica é justamente essa capacidade de transformar algo em performance pela nossa amizade e pelo gosto pelo cinema e explorando essa abordagem de falta de experiência e mais caseira, sem tentar ter uma pretensão maior da nossa capacidade.
João Pedro Faro: Assim como o Miguel falou, era muito uma questão de utilizar de certas projeções, exageros, caricaturas da personalidade deles e da nossa também. Colocando isso no filme como uma espécie de encenação do erro, uma encenação que se completasse pelos percalços e pelas lacunas que estão presentes ali. No Sombra, eu acho que o projeto era muito em torno de fazer um filme circundando, enfrentando esses erros, limitações e problemas. Em Extremo Ocidente, foi um filme gravado em três dias, as locações são meio distantes, há a presença de certos efeitos e é um filme bem diferente do Sombra, ele tem um trabalho narrativo mais linear e mais claro. Isso obviamente está ligado ao processo de planejamento que a gente teve. Como em Extremo Ocidente, o Miguel e o Daniel estavam interpretando personagens realmente imersos numa ficção individual, acaba que essa é a nossa tentativa de buscar por outros problemas. Do Sombra para o Extremo Ocidente, a característica mais presente, e que deve se manter assim em futuros projetos, é a busca por novos problemas, novas limitações, outros enfrentamentos. Os problemas que a gente teve com Sombra, foram outros em Extremo Ocidente, a gente estava em outro processo, eram outras intenções, outra ficção. Ou seja, nossa busca é sempre por problemas e enfrentamentos, de uma forma ou de outra fazendo o filme sobre isso, sobre as nossas limitações e até onde a gente consegue ir com as nossas intenções, gostos, vontades e interesses. Então, os problemas estão sempre muito ligados à vontade que a gente tem de fazer os filmes e aos filmes que a gente quer fazer.
Teodoro Pimenta: Eu gostaria de falar um pouco do processo de filmagem tanto do Sombra quanto do Extremo Ocidente. Existe alguma história do set que vocês gostariam de compartilhar? Alguma situação curiosa ou algum caos?
João Pedro Faro: No Sombra, o processo de filmagem foi mais tortuoso para o Miguel do que o Extremo Ocidente, com certeza. Há muito daquele nervosismo e da tensão dele impressa na forma como ele está no filme, é algo que eu adoro, mas com certeza para o Miguel não foi tão agradável no momento. Você quer falar algo sobre isso, Miguel?
Miguel Clark: Esse processo do Sombra foi muito mais nervoso, mas com certeza adicionou muito. Não sei se teria uma história para contar…
João Pedro Faro: Tem um plano do filme que é um pouco triste, não é bem uma história. Mas os dois filmes tem roteiro, são roteiros curtíssimos, o roteiro do Sombra tem duas páginas e o de Extremo Ocidente tem três páginas. Os dois filmes foram roteirizados por mim e tem um plano do Sombra que eu queria gravar, ali no Aterro do Flamengo, tem uma estátua que é um busto gigante do Getúlio Vargas, tinha um plano do filme que eu queria gravar que era eles sentados em cima do busto. Acho que seria um polo que ajudaria muito pra certas interpretações da semântica do filme. Mas quando a gente chegou lá à noite, não tinha nenhum ponto de luz na estatueta do Getúlio Vargas e a câmera não conseguia pegar por nenhum ângulo, nem a silhueta do busto. Eu fiquei muito triste, acho que é um plano que fez muita falta no filme pra mim depois, talvez algumas pessoas tivessem interpretado o filme mais diretamente se esse plano estivesse lá.
João Pedro Faro: O Extremo Ocidente foi muito tranquilo de gravar, os três dias foram muito pacíficos, acho que quando você faz um filme com uma equipe de quatro pessoas não tem muito como as coisas darem tão errado. Acho que o pior pro Mig foi realmente fazer a cena de canibalismo, o clima tava muito frio e ele tava praticamente pelado e coberto de empapado em sangue falso, é aquela mistura de glicose de milho com corante vermelho que é a coisa mais pegajosa e grudento e deve ter sido péssimo. Além do Dani que teve que comer linguiça crua com patinho moído, então eu acho que o Extremo Ocidente tenha sido um filme de sacrifícios mais físicos do que psicológicos se comparado ao Sombra.
Miguel Clark: O Sombra foi algo muito mais psicológico, até porque não são coisas que precisavam ter dado esse nervosismo, mas foi inevitável e o filme também trata de alguma forma dessas coisas. O Extremo Ocidente a coisa mais difícil foi gravar a cena final que tava muito frio e também aquela outra que eu preciso ficar deitado por um longo tempo na cena do canibalismo e toda a sujeira do sangue. Mas no final foi tudo muito bacana, porque ficou muito melhor do que eu imaginei que a gente iria fazer, principalmente os efeitos que a gente utilizou. No Sombra foi uma amiga nossa, a Lígia que faz maquiagem, que fez a maquiagem do black metal, mas no Extremo Ocidente a equipe foi reduzida de uma forma tirando ela e outra amiga nossa que fez a fonte e o Rafael Navarro que faz o personagem que a gente espanca no final. Por ser um filme mais ficcional, os desafios foram mais as limitações da produção e esses sacrifícios físicos, como o João falou, do que o nervosismo, porque o Sombra é algo mais pessoal.
Teodoro Pimenta:Quais foram as maiores influências para Sombra e Extremo Ocidente e como essas inspirações se mostraram presentes nas obras?
João Pedro Faro: O nosso processo de produção é muito inspirado por diferentes processos do cinema brasileiro, há sempre a busca de realizar um cinema relacionado a um ‘não-orçamento’, então estamos sempre inspirados por filmes próximos, tanto geograficamente, quanto por nossos gostos pessoais. Todos somos muito interessados por um cinema de gênero e esse cinema de invenção brasileiro, o que se reflete nos dois filmes, apesar de ambos apresentarem um resultado final em algum lugar entre o cinema de gênero e o cinema de experimentações. Claro que cada um dos projetos acaba, afinal, sendo mais influenciado por interesses momentâneos da época, acho que o “Sombra” foi um filme muito influenciado por divergências e convergências que me interessam no campo da música, por exemplo, além de influências como de filmes que percorrem essa juvenília, giram em torno de adolescentes, enfim. Mas engraçado, pois todas as referências que temos antes de fazer o filme acabam se diferenciando do resultado final. “Sombra” foi influenciado, em um primeiro momento, pelo projeto “Retrato De Uma Garota Do Fim Dos Anos 60”, da Chantal Akerman, mas que afinal acabou muito mais próximo com coisas que eu curto mais, como “Superbad” e filmes de adolescentes.
Teodoro Pimenta:Há influência de outros artistas fora do campo do cinema nos filmes recentes da MangBang Video?
Miguel Clark: Tanto “Extremo Ocidente” quanto “Sombra” são fortemente moldados pela música. No “Sombra”, o black metal é presente na narrativa, apesar de nenhum de nós sermos metaleiros. Mas é certo dizer que a música foi fundamental na construção do filme, enquanto atuava em “Sombra”, teve uma forte presença de uma música do Lobão que cantava.
João Pedro Faro: Eu acho que em “Sombra” a música está ligada diretamente à narrativa e é indissociável do filme, existem personagens ligados a uma obsessão musical, é algo que está enraizado na imagem e na postura do filme. No “Extremo Ocidente”, existe muito a ligação com quadrinhos, como mangás apocalípticos, mangás de guerra. Existe essa conversa, até com quadrinhos eróticos, e acabou funcionando, até pela forma que estávamos enquadrando, como estávamos fazendo, as limitações que tínhamos, enfim.
Matheus Fortunato:Em Sombra os personagens do filme estão mais localizados no espaço, em contrapartida em Extremo Ocidente há um deslocamento espacial que chama bastante atenção. Qual a maior diferença na produção e direção de Sombra e Extremo Ocidente?
João Pedro Faro: Em Sombra, por ter sido gravado em um único dia, a questão era mais fazer os planos que a gente tinha planejado e usar o resto do tempo para encontrar imagens que a gente não esperava, principalmente na rua onde a câmera ficava mais solta. Era muito uma questão de descobrir o que a gente ia fazer com eles dois transitando pelos espaços, como é um filme que não exclui nenhum elemento dos seus entornos, ele envolvia muito a percepção de luzes e sons que estavam à nossa volta e poderiam integrar o filme. No Extremo Ocidente, como ele se passa numa cidade completamente vazia, era um filme que demandou uma precisão bem maior em relação ao que a gente sabia que ia filmar e ao recorte do espaço, porque a gente precisou recriar aquele ambiente para que ele coubesse dentro da ficção que a gente tava criando. No Sombra se utilizava do que a gente encontrava, do que a gente esbarrava, é um filme que estava muito mais disposto e maleável à invasão de elementos do momento e da situação que a gente se colocava na rua e nos bairros que a gente gravou.
Matheus Fortunato:Miguel, o personagem do soldado carrega o inevitável com ele ao longo de Extremo Ocidente, estar naquele compasso de espera chega a ser tão desconfortável para o personagem quanto para o espectador. Dito isso, dos filmes que você fez até agora, qual atuação trouxe mais impacto para você?
Miguel Clark: As duas trouxeram impacto, mas com certeza a de Extremo Ocidente, eu não esperava que conseguiria fazer algo tão ficcional. O Sombra por ser o primeiro trabalho eu cheguei a ficar nervoso, por reconhecer certas manias, mas que são coisas integradas à própria produção e o trabalho final. Em Extremo Ocidente, eu me surpreendi ainda mais com o resultado da minha performance, principalmente por ter conseguido me libertar da minha personalidade e dar um personagem novo para o filme.
Matheus Fortunato: A construção espiritual do personagem do soldado vivido por Miguel em Extremo Ocidente é fascinante, a inevitabilidade que o soldado vive é bem peculiar. Dito isso, o quão difícil foi a concepção do personagem e a relação dele com todo esse ambiente de desconforto e luta interna?
Miguel Clark: O desconforto é algo meio real, mas é algo que integra a performance e o João como diretor direciona como a gente deve se comportar. Eu consegui me ver mais como ator nesse filme do que no Sombra, porque foi uma performance que necessitou de maior esforço. O processo de entrar na cabeça do personagem ocorreu pelos direcionamentos do João, até existiu a incorporação de trejeitos, manias e certas características da minha personalidade, porém mais distante em Extremo Ocidente convergindo mais para a criação de um personagem.
Matheus Fortunato:É quase inegável o teor espiritual que Extremo Ocidente carrega, possivelmente é o que mais chama atenção junto ao ambiente apocalíptico e de isolamento que assola o personagem principal do filme. Sendo assim, vocês ainda pretendem lidar com temas mais espirituais em próximos trabalhos?
João Pedro Faro: Não sei se temas espirituais é o que a gente tem na cabeça, mas com certeza filmes de gênero e filmes de terror estão para serem feitos, a gente tem interesse em continuar produzindo filmes de gênero e filmes narrativos feitos em processos experimentais de produção e concepção. Do jeito que o Sombra se diferencia do Extremo Ocidente, os próximos projetos tendem a ir para outros caminhos de criação, mantendo essa raiz de interesse em filmes narrativos através de uma produção experimental e de formas não-convencionais de produção.
Teodoro Pimenta:João Pedro Faro, há a possibilidade de filmes com uma postura mais formal nos próximos trabalhos?
João Pedro Faro: Eu acredito que o experimental e o formal são muito próximos e todas as vezes que tentei me aproximar de um cinema mais experimental, acabei me interessando pela parte mais narrativa do que a parte sensorial. Por conta disso, imagino que tenho mais interesse em continuar trabalhando com longas que sejam cada vez mais convencionais e que cada vez mais se aproximem desse cinema convencional, que trabalhe com planos decupados, diálogos escritos, enfim. E imagino também que a experimentação tem seu lugar dentro do cinema formal. Se for pra trabalhar em um cinema mais experimentalista, em algo próximo das cores, texturas, ainda é possível fazê-lo de forma mais aproximada a um cinema mais convencional, narrativo, da maneira que prefiro. Mas o Miguel que está trabalhando com vídeos e curtas mais experimentais, agora.
Miguel Clark: Pois é, trabalhar com ambos esses filmes foi um pontapé inicial pra compreender esse processo de vídeos, projetos individuais, de fazer sozinho, e foi bom pra entender e conhecer novos colegas e amigos que já entendem esse universo de vídeos experimentais.
Teodoro Pimenta:Vindo do Rio de Janeiro, qual a relação de vocês dois com a cidade, pessoalmente, e qual importância desta relação para as obras que vocês produziram recentemente?
Miguel Clark: Eu nasci no Rio de Janeiro, mas passei anos em Manaus, com minha mãe e minha família que é de lá. Passei muito tempo lá e retornei ao Rio muito recentemente, no início do processo de filmagem desses filmes. Essa relação, pra mim, acaba contestando essa ideia de ser um filme “do Rio de Janeiro”, e sim um filme que apenas utiliza os ambientes da cidade como pode, representando um espaço meio geral, e criando até um experimento de redescobrir a cidade. Mas acho que para o João é definitivamente um processo mais pessoal, mais íntimo, por ter vivido a vida toda no RJ e isso é algo que se reflete no resultado final. Mas para mim, por exemplo, não tratamos de filmes do Rio de Janeiro e sim de filmes que são filmados no Rio de Janeiro.
João Pedro Faro: É, nesses projetos nós usamos o que estava ao nosso alcance, e eu já conhecia os ambientes da cidade, então já imaginava o que eu gostaria de usar, planos a filmar. A geografia dos filmes é algo em que eu busquei entregar uma ambiguidade, em que os personagens tem uma trajetória moralmente questionável mas que são universalmente excluídos.
Teodoro Pimenta:Existem outros lugares do Brasil que a MangBangVideo teria interesse em fazer filmes?
João Pedro Faro: Ainda é cedo para falar de projetos que vêm aí, temos um roteiro que finalizamos e pretendemos filmar em breve, em outras cidades. Ocupar outros espaços com nossos filmes. Se der tudo certo, o próximo filme vai ser filmado em Minas, mas ainda não sabemos direito como isso tudo vai acontecer. Se der tudo certo, faremos um filme de terror em breve que será feito em outro lugar.
Teodoro Pimenta:Já sabem o próximo projeto da Mang Bang? O que vem por aí?
João Pedro Faro: Caso tudo dê certo, teremos em breve esse novo longa-metragem de terror, fora do Rio, e quem sabe mais um filme meu ao fim do ano. Além disso, imaginamos outros filmes que não serão dirigidos por mim, mas por outras pessoas da equipe. Um deles dirigido pelo Bruno Lisboa, nosso produtor e diretor de som, além de atuar no Extremo Ocidente. Esse ano, queremos expandir nossos projetos para outros diretores, o que achamos bastante animador e que irá contemplar todas as pessoas atuando em diferentes áreas de diferentes projetos.